segunda-feira, 14 de julho de 2025

Papai

José Hildeberto Martins

José Hildeberto Martins | Garanhuns, 2006

Meu pai era um homem de verdade.

Não o incomodava o paradoxo cruel

entre o fato de lutar

e a oprimenta  ironia.

Sempre erguia a cabeça

e suspirava leve como um poeta.

Um porte altivo em seu coração ardia.

De quando em vez, eu o observava

saindo bem cedo, madrugadinha,

inflamado, cheio de confiança,

pra ganhar o pão de cada dia.

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