Encontrei um homem entre os homens
Carregando, no ombro, uma cruz.
- Era um homem igual aos outros homens.
- Era uma cruz igual a toda cruz.
Descobri uma pedra entre outras pedras
Porque sobre ela havia uma gota d'água.
- Era uma pedra igual às outras pedras.
- Uma gota d'água igual às gotas d'água.
Conheci uma sombra entre outras sombras
Porque nela brilhava um vaga-lume.
- Era uma sombra igual às outras sombras.
O vaga-lume... Um simples vaga-lume.
Depois... voltei seguindo a mesma estrada.
O vento carregava a gota d'água
E não brilhava mais o vaga-lume.
Tentei em vão achar naquela estrada
Aquela sombra sem o vaga-lume.
Mas, lá estava aquele mesmo homem,
Carregando no ombro a mesma cruz.
Parei... e lhe contei com muita mágoa,
Histórias tristes de uma gota d'água
De um vaga-lume que perdera a luz.
Na sombra de minh'alma torturada
Brilhava a luz do seu olhar sereno.
Olhei então as pedras da estrada...
Em cada uma havia uma gota d'água
Que ele docemente recolhia.
(Garanhuns, 5 de agosto de 1965).
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