segunda-feira, 14 de agosto de 2023

Garanhuns


 José Inácio Rodrigues

Nasceste entre belas colinas,

Ludicamente, vive a Cidade Colossal

Boa Vista, Magano altaneiro!

São José, o Majestoso Arraial,

Onde Euclides e Pipe Dourado,

Anteviram nossa Aurora Boreal.


Cidade dos meus ancestrais.

Berço e casulo dos mochileiros!

Rincão e cadinho sagrados

De parentes e bons companheiros!

Garanhuns, mãe dos meus filhos, 

Terra dos meus sonhos primeiros!


Suas férteis fontes minerais,

Ricas em substâncias medicinais, 

Aplacam a sede e revigoram a vida,

Por onde dei os primeiros passos!

Suas praças, sempre cheias de flores,

Por onde estreitei doces abraços

Entre beijos perdidos de amores!


O poético Rio Mundaú,

Também é Filho da Terra.

Nasce frágil, pequenino,

Na confluência das serras.

Vai fluindo mansas águas,

Depois, valente, vigoroso,

Segue aos tombos, caudaloso,

Carregando nossas mágoas!


É o rio do meu encanto, 

Onde derramei meu pranto,

Curtindo a cruel saudade.

Rios dos tempos de bonança,

Represa de fagueiras esperanças

Da minha já distante mocidade.


Suas inesquecíveis serenatas,

Recordando mulheres ingratas,

Nos fazem lembrar Calheiros,

Que pelas ruas da cidade,

Cantava sua imensa saudade,

Junto com seus companheiros!


Nosso menestrel, com seu violão,

Seguia cantando uma canção

À noite de quimera embalando!

As moças aparecendo às janelas,

Um poeta declamando versos pra elas,

Prosseguiam belas canções entoando!


Do amigo Manuel do Sargento

Eu sinto uma atroz saudade,

De Washington, de Van Der Linden

Que em busca da verdade

Partiram desta boa terra

E foram cantar na eternidade!


Terra de mestre Alfredo Leite

Descrevendo nossa história

A tragédia da hecatombe,

Sua pérfidia trajetória...

A sanha dos seus facínoras

E sua triste memória...


Do Colégio Mons. Adelmar,

Quinze, Santa Sofia, Diocesano

Um referencial ímpar

Das lições do mestre soberano.


Dos poetas: Pedro Frias,

Severino Roque, vates do humor,

Que cantam todas as orgias,

A vida, o sexo e o amor.


Na Boa Vista, espadanando a arte,

Ergue-se o pavilhão à liberdade,

Imponente, um belo estandarte,

A espargir as tradições da cidade.


Ruber, criador do Pau Pombo,

Recanto bucólico da cidade.

Terra de Almira e Arlinda Valença,

De Isaura Medeiros, inteligente,

José Francisco, que saudade!

De Mons. Adelmar, na verdade, 

Que nos legaram obras de semente

Com facunda sensibilidade.


Garanhuns, árvore frondosa,

Que em tua sombra maravilhosa,

Abrigas os que vêm de longe!

Porque és fiel, és consequente,

Uma cidade imponente,

Também, fraternal igual um monge.

Fonte: Livro "Relendo o Passado" em linguagem poética de José Inácio Rodrigues.

Foto: Praça Dom Moura. Créditos da foto: Cícero Gomes.

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