segunda-feira, 4 de agosto de 2025

Compreensão


Dr. José Francisco de Souza* | Garanhuns, 10/03/1990

Associação  de elementos humanos se torna mais perfeita e mais feliz, na medida em que se concentra mais fraterna. É nesta atmosfera da amizade cívica que uma sociedade se constitui mais humanística e realiza fraternalmente o seu  bom. O homem como criatura racional deve ser consciente de sua capacidade de criar no eterno. Liberta-se da oscilação mental e entende as coisas acima do bem e do mal.

O tempo e o espaço se conjugam dentro do sistema biológico da espécie humana. O ser aprende pelo desdobramento de sua própria natureza tridimensional. Nesse estado, a dimensão vibratória se identifica entre dois mundos de comunicações. Esse estado cultural aparelha a mente às reflexões de ordem fraternal. E este estágio afasta o separatismo por  meio da espiritualidade universal.

Não é preciso uma natureza angelical para sentir os efeitos aureolados pelos caminhos da perfeição. O homem pelo seu espírito, sabe imprimir um  cunho de sociabilidade afetuosa em todas as dimensões de  sua alta compreensão. Não é  exibição previamente programada contra a autocensura do  talento político e social da presença humana do homem criar dor de amplas possibilidades. Isso é mais um dos aspectos da improvisação mental do homem traquejado pela rebeldia. Isto é pela capacidade indefinida de criar a presença do histórico.

Autor dessa filosofia de vida o ser humano sabe que neste mundo, o domínio da compreensão não é fácil. Contudo, a presença difícil não chega atingir às raias de um problema. Nesse conceito, a capacidade de enfrentar os problemas anula os seus efeitos. Problema equacionado perde a sua qualificação, e passa para o  plano da mentalidade comum.

Os problemas das massas são os mesmos da soma dos indivíduos multiplicados. Embora a psicologia coletiva nos  adverte que a sociedade é mais  condensadora do que as somas dos indivíduos. A sua natureza essencial implica em certo casuísmo. Dai o velho e estupidamente explorado conceito de direito público: os interesses da sociedade são  superiores aos do indivíduo. 

Mas não é um fato evidente que isto que sou nos meus contatos com os outros é que  gera a sociedade? É que, se eu não me transformo radicalmente nunca poderá haver uma transformação na função essência da sociedade? "Quando nos baseamos num sistema para transformar a sociedade estamos apenas descartando o problema, porque um sistema não pode transformar o homem". Esse raciocínio é do privilegiado humanista cultural, Krisnhamurti, considerado "O Instrutor do Mundo".

A história nos mostra que  sempre é o homem quem transforma o sistema. O homem esclarecido domina pela inteligência e é superior ao meio ambiente.

Se não me compreendo nos  meus encontros com os meus semelhantes, eu sou a causa do caos, da miséria, da destruição, do medo e da brutalidade. E nos tornamos coparticipantes das agressões à natureza humana e a destruição passa cominar boa parcela da sociedade. Compreender-me não é  uma questão de tempo. Queremos dizer que posso compreender-me neste instante. A compreensão não depende do tempo no sentido "cronométrico".

"Se eu digo: "eu me compreenderei amanhã", eu quero dizer que não posso compreender neste instante. Tentando adiar o tempo estou retardando o tempo, e gero o caos e a  miséria, minha ação é destruidora. "A partir do momento em que digo: "eu me compreenderei" introduzo um elemento de duração e já estou mergulhado na onda de confusão e aniquilamento.

A compreensão é forçosamente AGORA. E não amanhã. Amanhã é para o espírito preguiçoso, para o espírito apático, para o homem desinteressado do problema. Quando nos apercebemos, no momento exato da ação, agimos imediatamente, existe compreensão e  transformação imediata. A mudança que acontece amanhã é  apenas uma modificação e não uma transformação. A transformação acontece agora: a revolução mental é AGORA, e não amanhã. O exemplo do  agora se eterniza porque pertence a vida no tempo e no espaço que são o eterno presente, onde a compreensão é sempre AGORA.

*Advogado, jornalista, cronista e historiador | Crônica transcrita do jornal O Monitor.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Um livro de intensas emoções

João Marques* | Garanhuns, 09/06/1995 O Diocesano de Garanhuns e Monsenhor Adelmar (de corpo e alma) é um livro, sobretudo, de saudades...  ...