Luzinette Laporte de Carvalho* | Garanhuns, 25/11/1994
A ciência nunca se opõe à fé. Todos os que desejaram apontar, criar, afirmar tal oposição sempre ficaram sem argumentos
O que existe é que a ciência é de categoria diversa. Enquanto se puder experimentar, comprovar algo, atingir-se a ciência ou a filosofia. Mas até mesmo a ciência chega a um ponto em que confessa seu limite. Como a filosofia. A fé não tem limites. Onde todo o saber e elocubrações humanas param, a fé continua.
Para isso é interessante conhecermos o seguinte trecho de Paul O'Hara: "Suponhamos um computador que saiba tudo sobre qualquer lei ou reação química e que tenha condições de fazer química de qualquer objeto. Apresentemos ao computador uma rosa e peçamos que a classifique... O nosso computador superespecializado responderá de maneira totalmente diferente: mostrará miríades de reações e equações químicas; tantas que, provavelmente, não bastaria, para escrevê-las, todo o papel do mundo." Nas "n" informações, porém, jamais poderá dizer-nos que o que analisa é "uma rosa". Não dirá. Porque não está programado para detectar um ser vivo. A vida é aquele "algo mais" que transcende a tudo.
O computador poderá dizer, ao infinito, de que é composta a rosa. Mas não dirá: "uma rosa". Que maravilha é a vida! A rosa.
Bem afirma a canção francesa: "Há uma rosa e um(a) menino(a) em você!... O importante é a rosa."
A rosa é a presença da vida. E a vida não é registrada senão em sangue, suor, lágrimas, alegrias, emoções em geral.
Pode, o supercomputador analisar o sangue, a lágrima, o suor. Não a dor, a alegria, a paz, a angústia, o perdão, a misericórdia...
Assim, o homem pode criar máquinas, mas haverá sempre um hiato, uma separação, um ponto de estranheza entre a máquina e a vida. A vida pode gerar a máquina, porém, a máquina não pode gerar a vida.
Diante de uma rosa, o filósofo, o metafísico, o físico, o químico, o teólogo, o poeta, o místico, o pecador, o santo - sentirão emoções muito diversas. Reagirão à forma, à beleza, ao perfume. O computador apenas, fria e objetivamente, analisará à exaustão, a composição do objeto.
"O importante é a rosa." O ideal de cada um. A vida que é capaz de através dos lábios de um ser humano, declarar: "É uma rosa". Sim, apenas uma rosa.
*Professora, escritora, jornalista e cronista.
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