domingo, 20 de julho de 2025

Viagem ao infinito

Cid Carvalho*

Ao cavalgar do vento o árdego corcel,

Desembestei no vão do espaço indefinido,

No trepidar da sela ao rústico tropel,

E a refrear o ardor do potro enfurecido.


Passei, veloz, bem rente a um ninho de estrelas,

Atordoado, andei por entre nimbos densas

E perturbei-me, assim, por tão de perto vê-las,

No cérebro, o fragor das emoções mais tensas.


Senti, do sol, a tórrida e atroz corrente,

Da lua fria o triste olhar amplo e bisonho,

sempre a inundar o campo e o vale intimamente.


A rebolar-me então, desperto de repente,

E, nesse instante, esvai-se ai o louco sonho,

Que, tão cruel e rude, me ofuscou a mente.

Garanhuns, 14 de Fevereiro de 1981.

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