Cid Carvalho*
Ao cavalgar do vento o árdego corcel,
Desembestei no vão do espaço indefinido,
No trepidar da sela ao rústico tropel,
E a refrear o ardor do potro enfurecido.
Passei, veloz, bem rente a um ninho de estrelas,
Atordoado, andei por entre nimbos densas
E perturbei-me, assim, por tão de perto vê-las,
No cérebro, o fragor das emoções mais tensas.
Senti, do sol, a tórrida e atroz corrente,
Da lua fria o triste olhar amplo e bisonho,
sempre a inundar o campo e o vale intimamente.
A rebolar-me então, desperto de repente,
E, nesse instante, esvai-se ai o louco sonho,
Que, tão cruel e rude, me ofuscou a mente.
Garanhuns, 14 de Fevereiro de 1981.
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