Maurilo Campos Matos*
Quando, às vezes, me julgo como a argila,
Em deprimente opacidade imerso,
Olho o granito, onde o cristal disperso
Em pequenas partículas cintila.
Há nas coisas mais simples do universo
Uma lição de abismo que aniquila:
Esse tropel de angustia que desfila
Do pessimismo da descrença emerso.
Numa poção de argila a mão repouso
E, de repente, busco, tento e ouso
Imprimir-lhe do amor a claridade.
E, na argila conservo o olhar contrito
Quisera, como, tu, não ser granito:
Este bloco de orgulho e de vaidade.
(Garanhuns, 6 de agosto de 1965)
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