sábado, 21 de junho de 2025

Poema Rural da Guarda


João Marques* | Garanhuns, 08/06/2023

Eu me aguardo rurígena..

pele e expressão do rosto

e externo os braços

e o alisamento

das dobras da camisa


e para ser livre

liberto o ser

nas asas do vento

fico aguardando sereno

o  irrompimento dos clarins

anunciando a paz

que se enrama relva


os campos

os céus verdes

nenhum grito de morte

e os carneiros espontâneos andam comendo

os pastos


os bois ruminarão

a noite que vem e o canto

assombroso das corujas


o azul em cada gesto da distância

a flor do tempo e da chuva

floresce as minhas mãos

que endurecem as palmas

as sementes pelos dedos


saio gotejando águas mansas dos lagos

e passos do céu

evaporação de mim

enquanto os frutos cairão


e toco de perto a certeza

de me sentir livre

e guardado

como se guarda a alma

como se preparam os campos.

*João Marques dos Santos, natural de Garanhuns, onde sempre residiu, é poeta, contista, cronista e compositor.  Teve diversas funções nas atividades culturais da cidade: foi Presidente da Academia de Letras de Garanhuns, durante 18 anos, Diretor de Cultura do Município e, atualmente, é presidente da Academia dos Amigos de Garanhuns - AMIGA. Compôs, letra e música, o Hino de Garanhuns. Mantém, desde 1995, o jornal de cultura O Século. Publicou quatro livros de poesia: Temas de Garanhuns, Partições do Silêncio, Messes do azul e Barro.

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