João Marques* | Garanhuns, 08/06/2023
Eu me aguardo rurígena..
pele e expressão do rosto
e externo os braços
e o alisamento
das dobras da camisa
e para ser livre
liberto o ser
nas asas do vento
fico aguardando sereno
o irrompimento dos clarins
anunciando a paz
que se enrama relva
os campos
os céus verdes
nenhum grito de morte
e os carneiros espontâneos andam comendo
os pastos
os bois ruminarão
a noite que vem e o canto
assombroso das corujas
o azul em cada gesto da distância
a flor do tempo e da chuva
floresce as minhas mãos
que endurecem as palmas
as sementes pelos dedos
saio gotejando águas mansas dos lagos
e passos do céu
evaporação de mim
enquanto os frutos cairão
e toco de perto a certeza
de me sentir livre
e guardado
como se guarda a alma
como se preparam os campos.
*João Marques dos Santos, natural de Garanhuns, onde sempre residiu, é poeta, contista, cronista e compositor. Teve diversas funções nas atividades culturais da cidade: foi Presidente da Academia de Letras de Garanhuns, durante 18 anos, Diretor de Cultura do Município e, atualmente, é presidente da Academia dos Amigos de Garanhuns - AMIGA. Compôs, letra e música, o Hino de Garanhuns. Mantém, desde 1995, o jornal de cultura O Século. Publicou quatro livros de poesia: Temas de Garanhuns, Partições do Silêncio, Messes do azul e Barro.
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