domingo, 29 de junho de 2025

O pôr do sol da vida


Jesus Campelo* | Garanhuns

Por falta de uma melhor orientação educacional no período da juventude, a sociedade, de um modo geral, encara a velhice com o mesmo critério com que traduz o significado da expressão vernáculo do verbo (Int,) envelhecer que diz... "Tornar-se desusado ou inútil; apagar-se, obliterar-se" etc., e, não como uma fase natural da vida que deve ser encarada como algo normal e que, com toda certeza, atingirá a todas as pessoas. Seria, todavia, de grande valia para a juventude se lhe fossem ensinados, desde cedo, os cuidados que deverão ser dispensados ao corpo durante a vida, para que se tenha uma velhice saudável, alegre, tranquila e feliz. Ensinar-lhe que é nesse estágio da vida que o ser humano consolida seu patrimônio moral e espiritual e começa e conhecer-se melhor, a valorizar mais a vida, a natureza, e a se encontrar espiritualmente com Deus. A velhice deve ser encarada como o crepúsculo da vida que é tão belo quanto a aurora do seu nascimento. Deve aprender que o ser humano vive as alegrias e a beleza da juventude, as delícias da velhice e que depois vislumbrará o prelúdio de uma nova vida.

CABELOS BRANCOS

Por falta desses conhecimentos, as pessoas ao atingirem à terceira "juventude", tendem a moderar, demasiadamente, o ritmo de vida e a não valorizar a idade da maturidade mental, alimentando a crença que está chegando ao fim por causa da idade, quando é sabido que os anos mais produtivos do homem, mental e espiritual, são os vividos depois dos quarenta anos. Ao se defrontar com o espelho e observar as rugas que vão surgindo no rosto, a lenta transformação do corpo, lamentar os cabelos brancos que a cada dia ficam mais escassos, a sentir que já não é o mesmo de antes, começa a se preocupar com a nova fase da vida, dizendo aos outros que está ficando velho, acabado e que só lhe resta vestir o pijama e descansar. A preocupação é um estado mental baseado no medo que atua de maneira sutil e persistente que corrói o  raciocínio destruindo a iniciativa e a autoconfiança.

HÁLITO DA BRISA

Ledo engano! Muitas pessoas atingem a idade dos setenta anos ou até mais, em plena forma, porque aprenderam a administrar e a conduzir a vida de maneira correta. O segredo consiste, exatamente, em não parar, mas, continuar a se movimentar, a se alimentar adequadamente, não ingerir bebidas alcoólicas, não fumar, dormir cedo, durante oito horas, procurar ocupar o tempo lendo, estudando, procurando fazer coisas úteis e, acima de tudo amar, que deve ser a maior preocupação ativa da vida, em todas as suas etapas. O movimento é, todavia, o mais importante antídoto contra os males da velhice, pois além de manter os músculos e a autoestima em forma, torna-se alimento primordial dos neurônios. As caminhadas diárias em praças ou parques arborizados, é uma oportunidade de exercitar o corpo e a mente, ficar de bem consigo mesmo, admirar a beleza da natureza, ouvir o cantar dos  pássaros e sentir o suave hálito da brisa acariciar a face. 

As práticas dessas atividades mantêm o corpo e o espírito em perfeito equilíbrio e proporcionam mais vitalidade para o corpo. Sempre que se desenvolve algo através de uma movimentação, sem que se perceba, privilegia-se o cérebro, tornando-o mais hábil e mais lúcido. Cada criatura humana deve se considerar a pessoa mais importante do mundo, por isso não deve se destruir. Procure amar a vida em toda sua extensão e a valorizar a "terceira juventude".

"O pôr do sol deslumbra e resplandece, deslumbra tanto, quanto o seu nascer", dizia o poeta Israel castro. (*Jornalista, poeta e historiador).

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