No fim da década de 1950, e início da década de 1960, já frequentava a Igreja Presbiteriana Central de Garanhuns. Aquela, da Avenida Santo Antônio, no lado oposto à Catedral. Ali passei os dias da minha juventude, não somente frequentando os trabalhos religiosos, como também participando das atividades sociais e recreativas. Para isto, fazia parte da Sociedade Intermediária, composta de jovens de 12 a 16 anos de idade, e depois dos 16 anos integrei-me na União da Mocidade Presbiteriana - UMP. Daqueles tempos, guardo muitas recordações. Hoje, quando vejo jovens entediados, sem saberem o que fazer da vida, lembro que naquela época na mocidade, o tempo era pouco para tantas atividades e cargos que sempre exercia. Quase não dava tempo realizar tantos afazeres. Sempre estava à frente de algum trabalho, fosse preparando o programa a ser apresentado na reunião do domingo, nas reuniões semanais, ou aprontando relatórios e atas das plenárias quando exercia o cargo de secretária, uma vez por mês. E tudo era tão prazeroso! Até mesmo os cultos que promovíamos nas tardes de domingo, para os presos na cadeia local, com os integrantes da Mocidade.
Além do mais, iniciávamos as amizades mais diversas, com todos os jovens da nossa e de outras igrejas, amigos que conservamos até hoje, e que de vez em quando aparecem na minha casa, numa visita surpresa, uma vez que não moram mais aqui. Em meio àquela Mocidade, conheci também o jovem Tavares, com quem vim a casar depois. Tínhamos amigos em comum, como Paulinho, filho do casal Neném e Moisés Lopes, donos da Sempre Viva. Hermanilton e irmãos, filhos do comerciante de móvel Sebastião Gomes. Jaci e Juraneide Teixeira. Vilma Claris, casada hoje com Alberto Galindo. Adauto Rocha, cujo irmão Enoque Rocha, era funcionário do IBGE, e de tradicional família evangélica. Elvira Falcão, filha do seu Espiridião do Foto Art Stúdio, estabelecimento onde eu gostava de me debruçar nas horas de folga, desfrutando o privilégio da amizade daquela família, e ainda aprendia os segredos da revelação dos filmes, e apreciava a arte fotográfica. Ainda, Lourenildo, que frequentava a Igreja Batista, mas sempre estava entrosado nas nossas atividades. Hoje, é Geofísico e professor da Universidade de Belém, onde ensina somente a graduados. E muitos outros jovens, que já não lembro o nome. E como participávamos de passeios, piqueniques, congressos, festas, peças teatrais, reuniões de clubes literários, e tantas coisas mais! Quando não tinha nada programado, inventávamos. Não sentíamos falta do mundo lá fora, e atraíamos jovens de outros meios não evangélicos, que se integravam ao nosso, nas programações animadas. Sempre contávamos com um jornalzinho, onde desenvolvíamos literários, sem esquecer a parte espiritual e o movimento social da turma. Naquela época, tínhamos como pastor o Rev. Henrique Guedes, que também era professor do Colégio 15 de Novembro.
A saudade maior fica por conta dos retiros de carnaval, onde geralmente cerca de 50 jovens saíam de jipes, devido ao difícil acesso, até a região de Inhumas, e de lá, somente voltávamos na quarta-feira pela manhã, alegres pelos dias passados, a maior parte do lado de fora da casa. Durante os três dias de carnaval, tínhamos palestras feitas pelos convidados especiais, aprendíamos novos cânticos, e nos divertíamos nos horários de intervalo. Tudo era motivo de brincadeiras, até mesmo nas refeições, onde fazíamos muito barulho, pois comíamos ao ar livre, numa alegria saudável e bagunceira. Certa noite, os rapazes planejaram pegar sapos, colocar num balaio, e espalhar no alojamento das moças. Queriam ver o nosso desespero. Fomos salvas por Tavares que já iniciando o namoro, teve pena de mim e conseguiu que os meninos desistissem da brincadeira de mau gosto. Mas fizeram outras, inúmeras, e nós também. Tivemos uma mocidade privilegiada, fizemos parte de uma juventude alegra, cujo tema era: "Lembra-te do teu Criador nos dias da tua mocidade, antes que venham os maus dias e cheguem os anos, dos quais venhas a dizer: não tenho neles contentamento. Eclesiastes, 12.01".
Humorismo - Cheguei a semana passada até a casa de uma filha minha, no Recife. Encontrei-a com um sorriso maroto ainda nos lábios, parecia estar se divertindo bastante. Perguntei a causa de tão grande divertimento sozinha, mas ela foi logo puxando pela mão: "Vem, mainha, estou assistindo ao Guia Eleitoral, já ri foi muito! Vem ver também". É, parece que com esta crise de programas humorísticos na TV, esta é uma grande opção para quem gosta de rir.
*Neide de Oliveira Tavares é jornalista, escritora, historiadora, cronista e professora. Crônica transcrita do Livro "Lembranças de Garanhuns e outras mais". Garanhuns, 2014.
Nenhum comentário:
Postar um comentário