João Marques* | Garanhuns
É fazer um desabafo! soprando com esforço. E nós aqui... Quanto ar neste imenso território do Brasil, gigante pela própria natureza. Rico, de tudo rico, e morrendo tanta gente sem ar. Pobre gente sem vez, sem leito nos hospitais, e sem direção e prevenção. E nós aqui... sem medidas responsáveis, sem a vergonha dos governos - o federal, que nunca esteve ou está aí. E nós aqui... filhos da esperança, esperando por vacina, e vacina é com a sina de ser velho. Todo mundo quer viver, mas neste país, tanto descaso e um Presidente ruim, oh que bicho ruim! E nós aqui... de um povo heroico o brado retumbante... meu grito livre, de pouco ar. Falta ar no Brasil, e nós aqui esperando. O nosso País foi sempre espera. Eu espero, e esperar é a única forma de patriotismo. Meu grito, meu protesto, de braço levantado, no espaço sem ar. Que vergonha, eu morro de vergonha de ter de estar sob o governo de tanta gente sem vergonha. Eu e todos, e nós aqui.
*João Marques dos Santos, natural de Garanhuns, onde sempre residiu, é poeta, contista, cronista e compositor. Teve diversas funções nas atividades culturais da cidade: foi Presidente da Academia de Letras de Garanhuns, durante 18 anos, Diretor de Cultura do Município e, atualmente, é presidente da Academia dos Amigos de Garanhuns - AMIGA. Compôs, letra e música, o Hino de Garanhuns. Mantém, desde 1995, o jornal de cultura O Século. Publicou quatro livros de poesia: Temas de Garanhuns, Partições do Silêncio, Messes do azul e Barro.

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