sábado, 21 de junho de 2025

Canção do amanhã


João Marques* | Garanhuns, 2009

Não vou fechar as portas

quando for dormir amanhã

o futuro liberado chega

abertos estão os mares

tanto foi a escuridão

que os muros se perderam


lembro do constrangimento

eu movendo trancas

para cercear horizontes

não tenho mais pesadelos

nem segredo por digerir


real código de liberdade

exagerado em meus olhos

de acordar e ler os jornais

que falam de poesia entretanto


vou saudar desconhecidos

e visitar vida nova

nos talos secos da praça

os ares já não morrem

caminhos abrem caminhos

não há animais à solta

por isto não fecho as portas.

Fonte: Livro Messes do Azul

*João Marques dos Santos, natural de Garanhuns, onde sempre residiu, é poeta, contista, cronista e compositor.  Teve diversas funções nas atividades culturais da cidade: foi Presidente da Academia de Letras de Garanhuns, durante 18 anos, Diretor de Cultura do Município e, atualmente, é presidente da Academia dos Amigos de Garanhuns - AMIGA. Compôs, letra e música, o Hino de Garanhuns. Mantém, desde 1995, o jornal de cultura O Século. Publicou quatro livros de poesia: Temas de Garanhuns, Partições do Silêncio, Messes do azul e Barro.

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