Pedro Jorge Valença* | Garanhuns
Quando Deus criou o preguiçoso, para que esse não morresse de fome inventou a batata doce. Pois precisa apenas enterrar umas ramas e sem dar uma só limpa, terá um alimento rico em carboidratos e açucares, que pode ser comida cozida, frita ou assada. Servindo também para ração dos animais.
Originária da América do Sul é encontrada no Brasil desde a Amazônia até o Rio Grande do Sul, entretanto é considerada a "Hortaliça do Nordeste". O nome cientifico é Ipomea batata. É uma planta de caules rastejantes que atingem de 2 a 3 metros de comprimento e sua parte comestível é a raiz que se desenvolve pouco abaixo do solo.
Não é muito exigente quanto a fertilidade do solo e suporta baixos índices pluviométricos, mas sua maior produtividade se consegue quando plantadas em baixadas úmidas ou terrenos bastantes arenosos e adubados. O sistema de lerões facilita o desenvolvimento das raízes evitando o excesso de umidade e permitindo que as batatas não encontre obstáculos para o seu desenvolvimento.
Sua propagação é feita por meio de estaquia ou seja utilizando os brotos ou ramas novas, que são enterradas a pouca profundidade. Os espaçamentos são muitos variados, sendo os mais utilizados: 0,30 m x 0,50 (adensada) e 0,50 m x 1,50 m (largo) permitindo que a parte aérea se expanda e evite o surgimento da broca e lagartas que quando intensivas, podem atacar as raízes, desvalorizando a batata destinada a venda. A seleção das variedades é feita desordenamente pelos próprios agricultores pois como praticamente utilizada para o consumo próprio é relegada ao desprezo dos órgãos de pesquisa. O que restringe seu cultivo, pois os agricultores têm dificuldades de conseguirem as "ramas" no início do inverno, retardando o plantio que apesar de ter um rápido período entre a fundação e a colheita têm a sua difusão dificultada.
As variedades de cultivo rápido podem ser colhidas em até três meses, já as tardias só estão prontas com seis meses e quando plantadas tardiamente provocam baixa produtividade. Pois nesse caso sua colheita coincide com o período seco quando não é mais possível dar continuidade ao seu cultivo.
As variedades são as mais diversas diferenciadas pelos seus tamanhos como a coquinho que é pequena e redonda, a arroba que é grande e disforme, a três quinas e as compridas. Pela cor da película externa temos: branca, roxa, rosa avermelhada, amarela, até cor salmão.
Cultura rústica, poucas são as pragas e doenças que atacam a batata. A principal é a broca que chega a atingir a raiz, desvalorizando o produto. A maior defesa é escolher ramas de boa origem.
A produtividade no Nordeste é baixa, pois são raras as plantações extensas, só nos últimos anos é que o Município de Correntes é que a batata doce tem aparecido com destaque, chegando a se tornar um polo de exportação.
A média da produtividade no Nordeste é de 7 a 9 toneladas por hectare, mas quando plantada racionalmente chega perto de 20 toneladas. Como a batata também pode ser usada como ração animal, principalmente para o gado leiteiro, é necessário que o Governo procure incentivar a utilização dessa raiz, que se comparada com a mandioca é muito mais vantajosa. Vejamos: Os valores nutritivos são praticamente iguais, com s vantagens de produzir em 3 meses contra mais de 15 meses da mandioca; não ser tóxica, aproveitar também a parte aérea e pode ser armazenada em forma de fécula e farinha secada ao sol, e também guardada quebrada e salgada e sob forma de silagem.
Composição de 100 g batata doce cozida: 97 calorias e 1,1 g. de proteína; quando frita os valores são: 368 calorias e 2,7 g de proteínas.
*Pedro Jorge Valença é pecuarista, economista e escritor.
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