sexta-feira, 8 de setembro de 2023

Linhas e linhas da pandemia


É. Fazer o quê? Nesse tempo de pandemia, e seguindo, e cumprindo as “ordens” da ciência e da gestão pública, temos, realmente, que ficar em casa. E eu, aqui, como todos, entrando na quarta semana de distanciamento social, de quarentena... escondido dentro de casa. Quarto x Sala. Sala x Quarto. Ah! Ia... Cozinha x Etc. e Tal. Etc. e Tal x Cozinha.

Cozinha? Sim, cozinha! Lá, abro a geladeira. Colho minhas frutas, iogurtes... e, depois, lavo os pratos que ficam limpinhos, limpinhos que dá gosto. E a máquina de lavar? Nela não chego. Não sei operar. Ah! Ainda uso o microondas para aquecer minha comida. Café? Não sei passar. E, cá pra nós: Não quero aprender. Eu? Minha mãe dizia que “homem que sabe passar café, já está pronto pra...” Pronto? Pronto pra quê? Não vou aprender. E nunca o quis. Até, hoje. Eu, hein?

E assim, lá vou eu com minhas idiossincrasias que vêm de longe. Dos meus verdes anos. E me iniciar, hoje, nesse ofício? Ah! Não! Não, mesmo! Tendo medo dos inícios, sejam eles em que momento da vida, porque comigo tudo tem início, meio e fim.

Na cabeça, carrego, sempre, as palavras do Livro dos Provérbios: “As palavras de um homem são águas profundas / a fonte da sabedoria é manancial que jorra.”

 Por isso, e por tê-las na minha cabeça, procuro ser o homem que imagino ser. 

Portanto, recolhido e, de certo modo, exilado em minha própria casa, penso e penso; leio e leio; teço linhas e linhas, “Mas já que se há de escrever, que ao menos não se esmaguem com palavras as entrelinhas”, sugere Clarice Lispector.

E eu, aqui, com essas LINHAS E LINHAS DA PANDEMIA, repetindo com Manoel Bandeira “Abaixo os puristas / Quero antes o lirismo dos loucos / O lirismo dos bêbados / O lirismo difícil e pungente dos bêbados.”

Agora, pra seu governo, eu não sou louco, nem bêbado, até por conta de meu bom juízo e de ser abstêmio.

GIVALDO
Calado de Freitas

Nenhum comentário:

Postar um comentário

O grande Padre

Maria Aparecida Costa Lima * Quando cheguei em Garanhuns , em janeiro de 1961, fui indicada pelo Padre Bartolomeu Araújo Carvalho às irmãs ...