Quando eu era criança me banhava; corria, pulava, brincava. Enlameava na água todinha.
Chegava em casa dizia: - Mamãe eu já "mim" banhei!
Ela olhava e dizia: - Que cara pintada é essa? Seu cara de pataxó.
Eu virava um sarapó e caia na lagoa; novamente me banhava e pra casa a gente só voltava para a hora do jantar.
Antes de dormir ia rezar, aprender a ladainha.
Dormia, na hora da galinha... E levantava também, quando ela acordava.
A gente levantava,. e ia ver papai tirando o leite, pra gente se alimentar.
Mamãe preparava o café... Dava ração para os bichinhos: porco, galinha e pintinhos, cada um no seu lugar. Papai voltava do curral.
A gente se juntava e tomava, um cafezinho ajeitado... Uma farofa de leite, jabá, bacalhau assado... Um café reforçado, para começar o dia.
Papai ia trabalhar e nós íamos pra folia.
Correr, brincar, mergulhar no açude, se enlamear, no riacho com cara de pataxó... Quando voltava para casa, mamãe arrochava o nó.
Esse foi meu dia a dia quando eu era criança.
Todos os riachos corriam, tinha peixe com abundância.
Tinha uma quixabeira, que abrigava centenas de vidas e tinha centenas de anos. Veja o maior desengano desse pobre sertanejo, apareceu um malfazejo criminoso, cortou e queimou, essa riqueza que a gente tinha.
Esse é o maior crime cometido, mas está pagando o preço, pois era milionário e hoje vive na miséria. Pode ter sido castigo. O tempo cobra tudo, com juro e correção. Não parcela dívida, e nem perdoa ninguém.
A natureza é calada, inocente, sensível e vingativa. Ela avisa e protege o que tem; fazer coisa à toa não convém e a natureza não perdoa a ninguém!
Garanhuns, ano 2017.
Nenhum comentário:
Postar um comentário