A palavra frevo vem do verbo ferver. Com o tempo, evoluiu no linguajar popular para frever, depois frevo. É o mais genuíno ritmo do carnaval pernambucano. Surgido no século XIX, sua construção melódica e harmônica denota vigor e alegria. Exige dos foliões, a um só tempo, muita energia, espontaneidade e inventividade nos passos marcantemente malabarísticos.
O mais famoso frevo, “Vassourinhas”, foi composto em 1909. Em 2012, o frevo foi declarado Patrimônio Imaterial da Humanidade pela Unesco. O compositor Nelson Ferreira, autor de “Evocação”, outro clássico, desponta, ao lado de Capiba, no topo dos compositores consagrados nesse célere e buliçoso gênero musical.
Ambos nasceram no Agreste de Pernambuco – Nelson Ferreira em Bonito, e Capiba em Surubim. Em outras notáveis “evocações”, Nelson Ferreira homenageou vários vultos brasileiros da área artística e literária, como Lamartine Babo, Mestre Vitalino, Ataúfo Alves e Francisco Alves. Para o poeta recifense Manuel Bandeira, ele compôs a belíssima “Evocação nº 6”.
Pois bem. Receber de presente um frevo composto por autor pernambucano de nomeada não chega a ser propriamente uma comenda honorífica, mas, para muitos, é como uma estatueta do Óscar. É o caso deste frevo que vem à lume agora neste Carnaval silencioso de 2021, com o meu nome. Quanta emoção para um só mortal! Debite-se esse presente a uma amizade que começa na infância, quando o compositor Walter Rodrigues da Silva e eu integrávamos a centenária Banda de Música Mariano de Assis, no nosso solo natal, Panelas (Labiata).
Obrigado, Walter! Obrigado, maestro Cesar Matoso pelo arranjo, pela execução musical com vários instrumentos e pela produção deste tocante vídeo, que compartilho movido por elevada honra. Obrigado, Rodrigo Vicaria (trombonista). Obrigado, Gedaias Rangel (trompetista). A emoção é incontida. Guardadas as proporções, dá para imaginar a alegria de Bandeira com a "Evocação nº 6", composta para ele. Não é sempre que se ganha um Óscar! Já posso dizer que tenho dois. O primeiro foi concedido pelo amigo Hermeto Pascoal, que me presenteou com o forró Saraivando no Bom Sentido, composto de improviso. Verdade seja dita: tenho dúvida se mereço tanto.
*Advogado, escritor e músico.
Créditos do Vídeo: M-Z Estudio
https://www.youtube.com/@M-ZEstudio
Música frevo José Alexandre Saraiva
Compositor Walter Silva
Músicos
Trompete Gedaias Rangel
Tromba Rodrigo Vicaria
Trombone Rodrigo Vicaria
Arranjo mixagem e masterização : Cesar Matoso
Demais instrumentos executados por Cesar Matoso Caixa, Bombo e pratos, contrabaixo, guitarra, flauta soprano em F, sax soprano Bb, sax alto Eb, sax tenor Bb e sax barítono
Gravado no estúdio de Casar Matoso Produção Musical.
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