O livro de Luzinette Laporte de Carvalho já vai na quinta edição. Em reunião do Grêmio, há poucas semanas, demos-lhe uma 'salva de palmas', com a sinceridade dos eruditos aplausos. Não me lembro de ter visto outro livro, daqui de Garanhuns, que tenha ido tão longe. Aplaudi e tornei a ler "A Menina que falava com as coisas". A ver, direi melhor... a ver "as coisas", os ventos, a estrela da tarde falando. Caminhando e percebendo igual "Ao homem que, com alma de criança, na esperança, caminha. À criança que percebe a alma das coisas".
O LIVRO É PARA TODOS
O livro não é só para criança ou gente grande, é também para o homem que pode ser criança, santo, poeta ou profeta. São quem pode salvar o mundo, de tudo que é ruim, como falou o Anjo da Esperança, da Verdade, da Fé, do livro de Luzinette. Li-o, caminhando e, enquanto o sol desceu mais à janela, os ventos entraram e saíram da sala sem fazer ruído, acabei mais adiante quase criança e, aquelas outras pessoas do Anjo.
O ANJO
Lúcia e "uma menininha que conversava com as "coisas" que viu - viu mesmo! - a face pura e sorridente da Esperança, tão criança quanto ela." Ela, a menina, é a personagem graciosa, a única, humana, do livro. Tem a beleza e a sabedoria das almas puras. A sua linguagem é a da meditação das pedras, do brilho do sol, da dinâmica dos ventos, da ideia (boa) da estrela da tarde. Todos se comunicam, dos vermezinhos ao sol. A menina ouve-os todos. Lúcia só não sabe os significados de certas palavras, próprias das imperfeições humanas, principalmente. Supérfluo. "-Que é "supérfluo"? Bolsa de Valores. "- O que é Bolsa de Valores?" Não sei o que é isso". Outras interrogações são por conta da identificação do personagem com o estado de inocência da criança. Quero dizer que o que Lúcia parece não saber corre por conta da autora do livro, que dá a menininha a mais terna infantilidade. E consegue, juntos, a inocência e a sabedoria, a criança e o anjo.
Uma vez, quando Lúcia conversava com a Estrela da Tarde sobre os homens, que sempre andam muito preocupados com o desenvolvimento da tecnologia, esquecendo até de si próprios, o Anjo se meteu na conversa, para dizer: "- Menos os santos, os poetas e os profetas..." Ao que a menina, na sua proposital inocência, para não fugir do diálogo que mantinha coma Estrela da Tarde, interviu surpreendentemente: "- Depois, Anjo, Você nos explica isso, viu?" Que intimidade! Que nivelamento maravilhoso que há entre essas idades, a da criança e a do anjo... Tudo, no livro, fala a linguagem do entendimento e do amor. Todos, ainda mais o mar, a lua, as plantas, as fontes, os pássaros, as borboletas... São bons amigos e pensam em ajudar a salvar o mundo. E, "unidos", não apenas reunidos, escrevem uma carta à ONU, na forma de pensar e na linguagem do entrosamento entre as pequeninas coisas da natureza, como entre os vermes e o sol, a criança e o anjo, e as maiores e mais poderosas no domínio da terra e do céu.
Naturalmente, o vento e os outros recursos irão espalhando a mensagem pelo mundo. O tempo, que tem toga de professor e de magistrado, há-de concorrer com sua ação, vagarosa, mas constante. O livro "A Menina que falava com as coisas" está na 5ª edição. Não é uma maravilha!? Que dirá a fonte? - Vai córrego! Corre, corre para o Mar!
*João Marques dos Santos, natural de Garanhuns, onde sempre residiu, é poeta, contista, cronista e compositor. Teve diversas funções nas atividades culturais da cidade: foi Presidente da Academia de Letras de Garanhuns, durante 18 anos, Diretor de Cultura do Município e, atualmente, é presidente da Academia dos Amigos de Garanhuns - AMIGA. Compôs, letra e música, o Hino de Garanhuns. Mantém, desde 1995, o jornal de cultura O Século. Publicou quatro livros de poesia: Temas de Garanhuns, Partições do Silêncio, Messes do azul e Barro.
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