“O Nordestino é, antes de tudo, um forte”, célebre frase escrita no livro os Sertões de Euclides da Cunha para descrever a força e a bravura dos nordestinos, essa frase não seria tão apropriada para se aplicar ao Servidor Municipal Cleves Rosine dos Santos, que na sua infância e adolescência viveu dias em que viu a terra ardendo, qual fornalha de São João, depois a chuva caindo na terra, brotando de novo a esperança. Menino da roça e do gado, das procissões do padroeiro São José, das quadrilhas juninas e das apresentações de bacamarteiros, das noites cercadas de muitas estórias a luz do candeeiro, da pega de boi no mato, do cantar do galo despertando para ordenhar as vacas, menino-rapaz, que traz em suas origens toda essa cultura.
Esse preâmbulo ilustra as raízes do Servidor Cleves Rosine dos Santos que nasceu em Belo Jardim em 09 de fevereiro de 1964, filho do saudoso José Batista dos Santos (Zuca) e Maria Iza Calado dos Santos. Cleves Rosine dos Santos é casado com Cícera Ferreira dos Santos, cujo casal teve dois filhos: Cledson Rosine Dionísio dos Santos e Felipe Rosine Dionísio dos Santos.
Seus pais residiam na Fazenda Salobro em Serra do Vento, Distrito de Belo Jardim. A fazenda Salobro pertencia aos seus avós Florêncio Ferreira Calado e Ismênia de Barros Calado, e foi naquele torrão que viveu parte da sua infância com os seus quatro irmãos, trazendo em sua essência essa alma sertaneja que tanto se orgulha.
Ainda criança, com a idade de 10 anos, seus pais passaram a residir na histórica cidade de Brejo da Madre de Deus, que ainda hoje chama atenção por sua beleza arquitetônica, com igrejas, casarios, Casa de Câmara e cadeia do século XIX.
Na nova cidade, sempre ativo para o trabalho, o menino Clovis, que naquela cidade até hoje é chamado assim, entre as brincadeiras costumaz da infância, começou a trabalhar com aquela idade na Padaria do senhor Pedro Aleixo, permanecendo nesse emprego por três anos, depois passou a cortar carne no Mercado Público a serviço do Seu Du. Na tradicional apresentação da Paixão de Cristo de Nova Jerusalém, no Distrito de Fazenda Nova, pertencente a Brejo da Madre de Deus, trabalhou três anos na tradicional peça como ator figurante. Em Brejo da Madre de Deus estudou no Colégio André Cordeiro, onde estudou da 1ª a 8ª série.
Aos 16 anos veio morar em Capoeiras, onde com o seu irmão Carlos Fernando dos Santos, conhecido locutor e comunicador de eventos de caprinos e bovinos passaram a residir na casa do saudoso Monsenhor Geraldo Batista de Lima. Um ano depois, juntamente com seu irmão Carlos Fernando veio para Garanhuns, estabelecendo residência na Rua Gonçalves Dias.
Com um ano residindo em Garanhuns surge à oportunidade de trabalho como Servidor Municipal na função de Agente Administrativo na Secretaria de Educação, a época tendo como secretário Luís Henrique de Almeida e a Diretora de Ensino, Verônica Vanderley.
O dia 15 de março de 1982 marca o inicio da sua trajetória como Servidor Municipal. Na Secretária de Educação passa a trabalhar no setor de transferências e históricos escolares. Anos depois, passa a trabalhar no setor da Merenda Escolar que tinha como supervisora a saudosa ex-secretária de Educação, Girlane Lira de Santana. Desse período se lembra das dificuldades na entrega da merenda escolar, principalmente das péssimas condições das estradas da zona rural nos períodos de chuvas, muitas vezes ocorrendo do carro da merenda ficar atolado e se fazer necessário recorrer a uma junta de bois para desatolar o veículo, todo esse esforço e dedicação da equipe para que não faltasse a merenda dos estudantes.
Em 1983 voltou aos estudos se matriculando no Colégio Diocesano onde terminou o curso de Contabilidade.
Em 1993 na mesma Secretaria de Educação passou a trabalhar no Departamento de Patrimônio e Compras, que tinha com Diretor Antônio Gustavo de Siqueira, o estimado professor Gustavo.
Em março de 1993 é recomendado para o Arquivo Público Municipal, que ficava nas dependências do Palácio Celso Galvão, sede da Prefeitura de Garanhuns. No Arquivo Municipal integra a equipe com os funcionários Rubem Nascimento Rocha e Sandra Erinalda Barbosa Peixoto.
Entre os momentos de pesquisa de documentos e preenchimento de dados, a cada três dias dava corda no relógio que nesse intervalo de dias tinha um pequeno atraso.
Em 1999 o Arquivo Municipal é transferido para o prédio do antigo Jornal O Monitor e juntamente com seus companheiros de trabalho reorganizou toda a documentação protegendo com eles os documentos que eram vitais para as requisições e futuras aposentadorias dos servidores municipais, atos, portarias, nomeações, livros de pagamentos do funcionalismo de 1941 a 1981 e as folhas de pagamentos de 1977 a 1998, que até os dias atuais são requisitadas para comprovação de tempo de serviço e contribuição previdenciária. No ano de 2000 o Arquivo novamente é transferido para o prédio do antigo Cinema Jardim, nas novas instalações o Arquivo Municipal passou a dividir o espaço com outras secretarias do município.
Em 2002 com a criação do Centro Administrativo, o Arquivo Municipal passa a funcionar em prédio anexo, cujas instalações permanecem nos dias atuais.
Em 05 de março de 2011, Cleves Rosine e os companheiros de trabalho vivem o momento de maior tensão da história do Arquivo Público Municipal, naquele inicio de manhã, ele e os demais companheiros são avisados de um incêndio no prédio do Arquivo. Temendo a destruição de toda a documentação, ao chegarem Cleves Rosine, Roberto Vergete, Eusébio Barbosa e sua esposa Sandra Erinalda, o corpo de bombeiro já havia iniciado o processo de contenção das chamas, e convencidos que tinham apagado o incêndio deixaram o local, ledo engano, as chamas retornaram e o fogo começou a se espalhar ferozmente, nesse momento Cleves Rosine e Roberto Vergete enfrentaram as chamas e jogando baldes de água conseguiram debelar o incêndio. Estavam salvos documentos vitais do funcionalismo municipal, do Poder Executivo e das suas secretarias.
Nesses 36 anos de serviços prestados a Prefeitura de Garanhuns e deles 25 anos no Arquivo Público Municipal alguns momentos foram marcantes nessa jornada, a oportunidade de participar do Mini Curso de Conservação e Proteção de Documentos, realizado no período de 20 a 22 de maio de 2013 no Arquivo Estadual Jordão Emerenciano em Recife, a aprovação da lei de criação do Arquivo Municipal em 16 de outubro de 2013, a festa dos 90 anos do Arquivo Público Municipal e o voto de aplausos que recebeu juntamente com os companheiros de trabalho pela Câmara de Vereadores de Garanhuns pelos serviços prestados ao Arquivo Público Municipal.
Com o atual Secretário de Administração, Bruno Gomes, e a Diretora de Recursos Humanos, Adriana Costa, o Arquivo Público Municipal tem tido o apoio para continuar contribuindo para atender as demandas do funcionalismo municipal e da população.
Cleves Rosine além de se destacar pela sua responsabilidade e eficácia, é reconhecido pelos colegas de trabalho, funcionários, ex-funcionários, aposentados e amigos, pela sua memória privilegiada, dom que impressiona pela capacidade de memorizar datas, documentos, nomes e sobrenomes de funcionários, ex-funcionários e aposentados. Chegando a lembrar do seu primeiro salário que foi de 11.000.00 cruzeiros e com o desconto ficou em 10.200,00 cruzeiros. Numa ocasião, um antigo Secretário de Administração e um Diretor da AESGA precisavam urgentemente localizar um documento para liberação de uma verba para a Autarquia, mas não sabiam especificar qual documento, Cleves Rosine, lembrou que havia um documento que há tempos havia sido arquivo, e com as características do documento em mente achou o documento de imediato, e realmente era o que estava sendo procurado.
Considera este atuante Servidor Municipal, que o trabalho que realiza no Arquivo Público é gratificante, e que no futuro a nova geração que vir a substituir ele e seus companheiros de trabalhos, devem atuar com carinho e amor, pois o Arquivo por muitos chamado de Arquivo Morto, próximo de completar 93 anos de existência, nunca foi um Arquivo Morto, e sim um Arquivo Vivo, pois nele está a História de Garanhuns, a vida do funcionalismo municipal, e a cada solicitação de documentos seja deste ano ou de décadas passadas mostra o quanto ele é um Arquivo Vivo. Para ele, está trabalhando no Arquivo Público Municipal há 25 anos e um motivo de orgulho por está contribuindo para resguardar toda essa história.
Essa foi apenas uma pequena narrativa ou uma forma de homenagear o Servidor Municipal Cleves Rosine, dedicado profissional que mantém o mesmo vigor e empenho no que faz, dando o seu melhor, da mesma forma que começou no seu primeiro dia de trabalho.
Cleves Rosine dos Santos, o Veio do Gado para os amigos, amante das toadas, vaguejadas e rodeios, servidor que quer deixar tudo como ele diz bacanizado, entre tantas frases já ditas a seu respeito, há uma frase que pode resumir um pouco esse servidor, que é o grito: SEGURA PEÃO! Pois o boiadeiro pode até cair, mas a força que existe em seu coração o levará sempre a vitória.
* Cláudio Gonçalves de Lima é professor, escritor, historiador e ex-presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Garanhuns.
Foto: Cleves Rosine dos Santos.
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