O primeiro litígio ocorrido no Brasil foi em 1563, na praia de Ibatuba em São Paulo, quando os Índios Tamoios, em defesa do seu território, atacaram Aldeias Portuguesas, quando o Padre Anchieta foi ameaçado de morte e ficou refém por dois meses numa choça de palha.
A Invasão Holandesa (1624) veio depois da expulsão de Salvador quando desembarcaram na praia de Pau Amarelo, com 70 navios e 200 canhões e ocuparam Olinda e Recife com 4 mil soldados. O domínio dos invasores durou até 1654, quando as cidades foram libertadas e os inimigos rechaçados para o interior. Estava criado o Exército Brasileiro com a união de brancos, índios e negros. É necessário que se faça justiça ao Príncipe Maurício de Nassau que de 1637 até 1644, soube governar com progresso. A expulsão geral só ocorreu em 1680.
Dado ao cultivo da Cana de Açúcar, Pernambuco tinha um grande número de escravos, que na fuga fundavam pequenos agrupamentos que eram chamados de Quilombos. O mais famoso foi o dos Palmares erguido em 1597 e localizado na Serra da Barriga a 150 quilômetros do Recife nos limites atuais de Alagoas, que chegou a congregar mais de 10 mil habitantes, cuja "Capital" era Cerca Real do Macaco que tinha como Rei, Ganga Zumba, que depois foi substituído por Zumbi, o mais famoso, nascido em 1655 e criado pelo Padre Antônio Melo sendo batizado como Francisco e aprendendo o português e latim. Revoltado com Ganga Zumba, que fez um acordo com os Portugueses, o envenenou. Em 1694, restaurado o poder dos Portugueses, foi mandado uma tropa de 9 mil homens, sob o comando do mercenário Domingos Jorge Velho, usando até canhões tendo dizimado o Quilombo dos Palmares e aprisionaram mais de 500 negros. Zumbi, ferido continuou a luta e morreu numa emboscada em 20 de novembro de 1695, tendo sua cabeça decepada.
A Guerra dos Mascates (1709/1711), os fazendeiros de Olinda assustados com o crescimento dos comerciantes do Recife, chamado de Mascates, invadiram a Cidade e destruíram o "pelourinho". No ano seguinte foi à vez dos comerciantes invadiram Olinda. Tudo só parou com a vinda de um interventor mandado por Portugal.
A exportação do açúcar estava em baixa e a elite de Pernambuco iniciou movimento para se libertar do domínio Português, tendo o Capitão José Barros matado um Brigadeiro e a população foi para as ruas, tomando conta da Cidade. As tropas legalistas cercaram Recife e os líderes foram executados. A chamada Revolta Pernambucana se deu em 1817.
Em 1824 uma revolta em Pernambuco tomou o nome de Confederação do Equador, quando o Presidente da Província Manoel Paes de Andrade, se revoltou contra o Império mas a revolta foi extinta com a prisão dos seus líderes, inclusive o Frei Caneca que foi condenado ao enforcamento. Só que os carrascos se recusaram a fazer a execução, sendo convocados escravos que não aceitaram, recusado até o prêmio de alforria. Finalmente Frei Caneca foi executado depois de perdoar os soldados do pelotão de fuzilamento.
A Rebelião Praieira durante o Segundo Reinado foi motivada pela revolta dos políticos do Partido Liberal substituídos por membros do Partido Conservador. Antonio Chichorro da Gama um liberal ligado ao Jornal Diário Novo que ficava na Rua da Praia, comandou a Rebelião em 1848, pedindo o voto livre e universal. A luta partidária foi para as ruas tendo como comandante Pedro Ivo, mas sua duração foi pequena e logo reprimido tendo os seus líderes que foram condenados à prisão perpetua. Em 1852 foram anistiados.
Na mudança do sistema métrico, reinou desconfiança na população do Recife que não confiavam na nova norma, imaginando que era uma maneira do comércio ludibriar o povo e invadiram casas comerciais destruindo os novos pesos e réguas, pois só aceitavam a medida em palmo e polegada e o peso em libra e arroba. Foi a Revolta dos Quebra-Quilos em 1874.
O Cangaço se iniciou no Nordeste em 1877 e Pernambuco centro dos Bandos Armados onde se destacaram: Cabeleira, Lucas da Feira, Antônio Silvino e Sinhô Pereira todos com raízes no nosso Estado. O mais famoso foi Virgulino Ferreira o Lampião que a partir de 1922 liderou o movimento. Nascido em Serra Talhada em 1897, entrou no Cangaço para vingar a morte do seu Pai, a ele são atribuídas inúmeras atrocidades. No confronto entre o Crato e Juazeiro, recebeu a patente de Capitão, que ostentava com orgulho. Morreu em 28 de julho de 1938 na Fazenda Angico, em Sergipe, sendo decapitado junto com sua companheira Maria Bonita. O último cangaceiro que conseguiu escapar ao cerco, foi Corisco morto em 1940.
A Coluna Prestes (1924/1927) que se iniciou no Rio Grande do Sul e agrupou mais de 2 mil homens, teve uma passagem por Pernambuco sem grandes destaques.
O Levante de Princesa, foi quando o Coronel José Pereira, reuniu um exército para enfrentar o Governo da Paraíba, terminou no Recife com o assassinato de João Pessoa (1930).
A Intentona Comunista (1935), teve a participação de Pernambuco, com a tentativa da tomada do 14 RI em Jaboatão, quando o Capitão Sampaio Xavier foi assassinado, os revoltosos foram dizimados e a maioria presa. A chefia nacional era de Luiz Carlos Prestes.
Em 2 de julho de 1944, partia para lutar na Itália os primeiros 5.081 soldados Brasileiros, muitos deles recrutados no 21 BC de Garanhuns e do 14 RI de Jaboatão, retornando vitoriosos deixando 457 mortos (sendo 13 Oficiais) que foram sepultados no Cemitério de Pistoia. O Recife foi sede de um contingente Americano na Segunda Guerra Mundial.
Depois de um longo período de aparente calmaria veio a Revolução de 1964, quando o Comando das Forças Armadas, visando expurgar um movimento trabalhista de tendência esquerdista, botaram as tropas nas ruas e destituíram o Presidente João Goulart e Miguel Arraes de Alencar Governador de Pernambuco. Houve inúmeras cassações e prisões. Pequenos grupos armados tentaram estabelecer focos de levantes armados mas foram dizimados.
Lutas partidárias que se estenderam provocando assassinatos em todo Estado, sendo o mais significativo o da Hecatombe de Garanhuns.
Assim Pernambuco viveu períodos belicosos, revelando personagem que se destacaram como heróis e vilões.
*Pedro Jorge S. Valença / Economista, escritor, historiador e agropecuarista (Texto transcrito do jornal Correio Sete Colinas de Setembro de 2006 - Garanhuns).
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