terça-feira, 23 de abril de 2024

Vivendo e aprendendo


Jesus de Oliveira Campelo*

Certa noite sonhei com um grande amigo que deixou este mundo no ano de 1975, na cidade do Recife. Esse momento onírico foi vivido num lugar que eu não conhecia, e esse reencontro mais parecia uma continuação dos tempos passados, apesar de não me lembrar do teor do que foi conversado. Ao acordar, senti uma sensação de felicidade por aquele inesperado acontecimento e, mesmo em pensamento, fiquei relembrando os instantes vividos naquele sonho. Em nossas vidas, existem certos fenômenos que acontecem, mas, que na maioria das vezes passam despercebidos por serem considerados normais e por fazerem parte da própria existência. Um deles é o sonho que convive conosco durante um terço de nossas vidas, que é o tempo que nós passamos adormecidos. No momento em que dormimos, participamos de acontecimentos nunca imaginados; viajamos a lugares conhecidos e desconhecidos, conversamos com pessoas vivas, com outras que já não estão mais nesse plano (morreram), pessoas desconhecidas, sentimos sensações agradáveis e desagradáveis e uma série de outros acontecimentos. Esse fenômeno já está sendo estudado por cientistas entre os quais o professor Ernest. L. Hartmann, na Escola da Medicina da Tufts University, nos EUA. Em decorrência dos trabalhos realizados a partir dos anos 1950, já é possível saber-se, exatamente, o momento em que uma pessoa sonha, por meio do acompanhamento elétrico da atividade cerebral, dos movimentos dos olhos e do tônus muscular. Durante uma noite normal de sono, a pessoa adormecida passa por vários ciclos, formados por quatro e às vezes cinco estágios distintos todos já estudados e analisados. Segundo esse pesquisador, "os sonhos e os pesadelos originam-se na mente de quem sonha e, portanto têm sentido; de alguma forma devem referir-se às memórias das pessoas, a seus desejos, a medo ou a fatos ocorridos recentemente ou não, em suas vidas". O campo que envolve os sonhos esta além do que a ciência pode investigar, pois, está fora do alcance de mente linear. O limite da ciência é a matéria e os sonhos são totalmente anticientíficos. Para compreende-los, torna-se necessário conhecer o sistema de funcionamento das várias mentes de que dispõe o ser humano. Os estudos apresentados pelos cientistas são baseados apenas na mente do corpo físico. Dentro de alguns anos as terapias que envolvem a regressão de memória espiritual deverão ser incorporadas às técnicas normais da psicanálise. Os acontecimentos de fatos pretéritos estão arquivados na terceira mente. Mas, o que é o sonho e porque sonhamos? Será que existe uma razão para os sonhos? A explicação vernácula define que se trata de: "imaginação sem fundamento, sequência de ideias vãs e incoerentes às quais o espírito se entrega; devaneio, fantasia, ilusão e utopia". E os chamados "terrores noturnos", "pesadelos" e o "sonambulismo"?...

Quando o ser humano tiver mais conhecimentos de suas naturezas material e espiritual, e desejar estudar este assunto, verificará que o sonho influi em nossas vidas muito mais do que supomos e que têm uma significação maior do que se possa imaginar. Constatará que o sono é uma porta aberta para que o ser humano possa viajar através de outras dimensões ensejando reencontros com velhos amigos e parentes além de proporcionar viagens a lugares desconhecidos. Nesse estágio, a alma se desprende do corpo, havendo nesse momento uma ligeira suspensão da vida ativa e de relação com o mundo material. Aí começam as viagens a lugares distantes e até mesmo a outras dimensões. As singulares imagens do que se passa ou do que se passou nesses mundos desconhecidos, entremeados de coisas e de acontecimentos da vida atual, é que formam esses conjuntos estranhos e, às vezes confusos, que nenhum sentido ou ligação parecem ter. A incoerência dos sonhos ainda se explica pelas lacunas que apresentam e a recordação incompleta que conservamos do que nos aparece quando sonhamos. Em artigo publicado no dia 25 de agosto último, número 51 deste jornal (Correio Sete Colinas | Garanhuns), foi transcrito o depoimento de um professor de cirurgia da Universidade de Aberdeen na Escócia, que estava hospitalizado com febre tifoide e, estando no limiar da morte, sentiu que sua alma se desprendia do corpo e visitava outras áreas do hospital, tendo assistido uma cena de morte num quarto contíguo ao que ele estava. Após sua reanimação, perguntou a enfermeira que estava à sua frente, sobre o acontecimento que ele vira, e teve a confirmação de que realmente o fato havia acontecido. Como se conclui, a alma pode se desprender do corpo físico e fazer suas viagens por outros lugares enquanto aguarda a liberação final que acontecerá com a morte. Com certeza, existem caminhos que nos levam a estudar e conhecer profundamente esses fenômenos tão importantes para o nosso desenvolvimento material e espiritual; É só procurá-los. (Jesus de Oliveira Campelo é poeta e jornalista | Transcrito do Jornal Correio Sete Colinas de 20 de outubro de 2001).

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