terça-feira, 30 de abril de 2024

Realeza do Mestre

José Francisco de Souza

Dr. José Francisco de Souza*

Há sempre algo em comum na falta de informação sobre a maneira de pensar e agir racionalmente. Sistema de filosofar que só admite como critério da verdade à demonstração racional pela inteligência. Atividade puramente especulativa do espírito encarnado aqui na terra. Revelação da essência das coisas criadas como substância da vida em plenitude.

A verdade não se descreve. É una e indivisível. Quem tenta descrever o indivisível, pretende fracionar os elementos de sua integração. Logo deixa de ser a verdade. A inteligência não se encontra em determinada parte do corpo, revela-se como postulado da ação correta e integral. O ser inteligente comunica-se por atos inteligentes. Ou seja pensando, sentindo e agindo integralmente. Comporta-se como um complexo de dignidade.

Quem receia a morte ainda não precisou bem os motivos especiais para viver. Cada um deve abrir uma janela do seu templo, para que a luz crística do amor se projete no profundo universo do nosso ser. A espiritualidade se conjuga, purificando as nossas intenções e o profano desaparece.

Esse mecanismo não é articulado pelo dogmatismo que posiciona o homem a sentir Cristo coroado de espinho, a carregar a cruz para o calvário, onde fora cruelmente crucificado pela inconsciência dos poderosos de todos os tempos. Em todas as épocas Judas, Pilatos, Herodes e Caifás se multiplicaram no domínio das galileias de todos os séculos. Nesse posicionamento preferencial de certos dogmáticos apõem-se à vivência de um Cristo Vivo a semear perdão, justiça e amor  pelos caminhos da Eternidade.

As palavras de Jesus, arrebatavam multidões sedentas de justiça. Foi meiga, convincente. Adequada a todos os momentos decisivos da psicologia humana. Era a palavra de vida eterna. Verbo criador e onipotente que tinha o poder irresistível de multiplicar o bem aos que ouviam ressonância de sua sabedoria vibratória das ondas sonoras do Espírito. A sua presença criava um cenário perfeito e deslumbrante aos olhos de visão panorâmica. Tudo era angelical. Possuía todas qualidades e atributos específicos de um Rei, cujo reinado não era deste  mundo.

A realeza de Jesus não era desse mundo de crimes, de injustiças em que os homens não sabiam descobrir o véu da verdade que era personificada em Cristo. Que não é deste mundo o reino de Jesus todos compreendem, mas, também na terra, como recomenda o Evangelho Segundo o Espiritismo. "Não terá ele uma realeza? Nem sempre o título de rei implica o exercício do poder temporal. Dá-se esse título, por unânime consenso, a todo aquele que, pelo seu gênero, ascende à primeira plena uma ordem de ideias quaisquer, todo aquele que domina o seu século e influi sobre o progresso da humanidade.

É nesse sentido que costuma dizer: o rei ou príncipe dos filósofos, dos artistas, dos poetas, dos escritores. Essa realeza oriunda do mérito pessoal, consagrada pela posteridade, não revela, muitas vezes, preponderância bem maior do que a que cinge a coroa real? Imperecível é a primeira enquanto que esta outra é joguete das vicissitudes; as gerações que se sucedem à primeira sempre bem dizem, ao passo que por vezes amaldiçoam a outra. Esta, a terrestre, acaba com a vida, a realeza moral se prolonga e mantém por seu poder, governa, sobre tudo, após a morte.

"Sob esse aspecto não é Jesus mais poderoso rei do que os potentados de Terra? Razão pois, lhe assistia para dizer a Pilatos, conforme disse: "Sou rei": mas o meu reino não é deste mundo... Eis, o significado Maior da Realeza do Mestre. (*Advogado, jornalista e historiador | Garanhuns, 05 de abril de 1986).

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